A internet está reconfigurando nossos cérebros
Postado: quarta-feira, 30 de junho de 2010 | Por : Unknown | Em: CÉREBRO, CIÊNCIA COGNITIVA, HIPERTEXTO, internet, LINKS
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O principal culpado disso são os links. Antes vistos com entusiasmo como forma de alavancar o aprendizado, os links começaram a ser visto cada vez mais com ceticismo. Uma pesquisa mostra que pular de um texto para outro via links prejudica a compreensão. Outra pesquisa mostra que as pessoas compreendem melhor textos sem links do que com eles - mesmo que você não clique neles.
Sobrecarga na memória
Por que o excesso de links seria um problema? Pela forma como nosso cérebro funciona. Nós gravamos informações de duas formas: com a memória de curto prazo e a memória de longo prazo. É na memória de longo prazo que conseguimos relacionar conceitos e informações que vimos, lemos ou ouvimos, interligar tudo isso e transformar em conhecimento. Enquanto a memória de longo prazo pode armazenar uma quantidade enorme de informações, a memória de curto prazo tem capacidade limitada e volátil: logo você se esquece o que estava fazendo cinco minutos atrás.
O problema com os links é que, com a abundância de conteúdo que trazem, eles geram uma sobrecarga cognitiva: nossa memória de curto prazo fica tão agitada que não consegue transferir as informações para a memória de longo prazo - e então você esquece o que viu ou leu. Além disso, o link pede que você realize uma ação: clicar ou não. Isso tira a atenção do texto, o que causa mais um problema no cérebro: o custo de alternar tarefas. Cada vez que mudamos de tarefa, o cérebro precisa se reorientar, e estudos mostram que isso piora a sobrecarga cognitiva.
Cérebros reprogramados
E quando saímos do computador, o problema continua. O especialista em neuroplasticidade Michael Merzenich diz que, quando nos adaptamos ao uso de uma nova mídia, nosso cérebro se transforma. Ou seja, seus hábitos online são transferidos para os outros aspectos da sua vida, porque seu cérebro foi reprogramado. Isso pode ser visto em um estudo que comparou dois tipos de pessoas: as que costumam fazer várias tarefas ao mesmo tempo, e outras que são menos multitarefa. O resultado diz tudo: as pessoas-multitarefa se distraem fácil com tudo - e geralmente com as coisas mais irrelevantes -, lembram-se menos das coisas e têm dificuldade para se concentrar em uma tarefa.
Nem tudo são más notícias, no entanto: a internet melhora nossa inteligência visual-espacial e habilidades como coordenação dos olhos e resposta a reflexos, além de nos tornar mais capazes de resolver problemas mais rápido. Mas, como diz a psicóloga Patricia Greenfield, "cada nova mídia desenvolve certos tipos de habilidades cognitivas em detrimento de outras": estamos fazendo uma troca entre maior habilidade visual-espacial e menor compreensão profunda de textos e capacidade de atenção.
Fonte : Wired